
Relato de Parto Humanizado Hospitalar no Hospital Frei Galvão em Guara - SP
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Relato de Parto da Thaís Barros
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 1)~
As contrações começaram na segunda-feira (27) por volta das 21h30, eu estava com 39 semanas e 4 dias de gestação, havia cogitado iniciar indução não farmacológica com óleo de rícino e até tinha comprado um frasco - pensei, pensei e decidi que só o faria após as 40 semanas e que se o Oliver quisesse vir antes, que assim o fosse. E ele quis. Assim que mandei mensagem para a minha equipe, foram me orientando a acompanhar o ritmo das contrações no banho quente, foi identificado que eu estava em uma fase latente (início do trabalho de parto, contrações mais espaçadas e ainda um pouco irregulares), conseguia dormir nos intervalos e ficava no banho quente para aliviar as dores. Nesse momento, Marcelo e Clara me acompanhavam em casa e me cediam suas mãos como um aconchego que aquecia o coração e dava forças para continuar. Às 8h da manhã começaram a espaçar mais, como se tivessem retrocendo, a equipe me orientou que talvez eu estivesse em prodromos ainda (contrações de treinamento) e não em fase latente de trabalho de parto - provavelmente estimulado pela acupuntura que eu havia feito no dia anterior. Às 09:20h as contrações voltaram mais fortes e surgiu um sangramento vermelho que indicava o colo do útero dilatando, as contrações estavam mais ritmadas e intensas, o tampão começou a sair aos poucos e neste momento eu só queria ficar no banho quente para aliviar a dor . Por volta das 11h30, a @rafamonteirodoula estava a caminho e logo depois a @giselyrezende da @abayomipd também chegou para me avaliar - eu estava com 3/4 cm de dilatação e seguimos em casa. A @prosaefotografia também chegou com seu jeitinho único e começou a registrar todos os momentos que seriam combustível para alma durante toda minha vida. A chegada da minha equipe foi um alívio para alma - eu planejei o parto desde o início com elas e até o final (quando decidimos mudar os planos de parto domiciliar para hospitalar) a minha única condição era: aceito qualquer local ou via de parto, não estou no controle disso, mas não abriria mão de ter a equipe que confiava e escolhi comigo - se elas estivessem comigo, tudo estava bem.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 2)~
Essa foi sem dúvidas a decisão mais certeira e assertiva da minha vida, sou grata por ter tido profissionais tão extraordinárias ao meu lado. A @rafamonteirodoula chegou com seu jeitinho acolhedor e carinhoso, começou a fazer massagens e me ajudar a aliviar a dor com diversos métodos naturais (ps: ela veio para minha casa direto de uma madrugada de parto, e em momento algum, deixou a desejar na atenção e cuidado comigo. Sério, admiro sua força e honro sua jornada como doula, já te disse que é missão de vida mesmo, você faz com tanto amor que não tenho dúvidas ao dizer que é a melhor escolha da vida!) e de quebra ainda fez meu almoço e cuidou da minha alimentação enquanto eu ainda conseguia comer. A @giselyrezende chegou me deu aquele abraço único que só ela tem de nos fazer transbordar e se entregar de tanta confiança que ela nos passa com sua vibração e calmaria. Quando eu desabei nesse abraço e disse que a dor era muito forte, ela me lembrou o porquê de termos escolhido esse caminho: “é o seu processo de cura, lembra que você precisa passar por isso para ressignificar sua história?”. Eu me lembrei. Lembrei que eu escolhi essa via de parto para descobrir minha força e potencial, lembrei que eu merecia estar ali sendo tratada com o respeito e acolhimento que eu não tive no meu primeiro parto, lembrei que eu fiquei anos tentando superar o trauma e a cicatriz que aquela cesárea mal indicada me deixou, lembrei que eu não admitiria sentir novamente um filho meu ser tirado do meu útero e levado para longe de mim após passar 9 meses no aconchego do meu corpo (nem eu, nem ela, nem ele, nem ninguém, merecia isso), lembrei que meu corpo estava pronto e foi feito para isso, lembrei que Deus tem um propósito maior para tudo e que tudo que vivenciei antes me havia feito chegar até aqui. Com elas ao meu lado, eu seguia tendo contrações que ficavam mais fortes e estáveis, mas os intervalos apesar de ritmados, não diminuíam para indicar uma fase ativa de trabalho de parto.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 3)~
Eram 17h, eu comecei a me silenciar, o Marcelo estava ao meu lado e eu pedia que ele fizesse massagens para aliviar a dor, só de ter as mãos dele me ajudando naquele momento, o meu coração já acalmava e as dores eram suportáveis. Falei para ele que queria ir para o hospital, estava com medo e sentia que o trabalho de parto não estava evoluindo em casa, a equipe orientou que deveríamos esperar um pouco mais, pois aparentemente eu ainda não estava em fase ativa de trabalho de parto e poderia ficar horas e horas no ambiente hospitalar. Mas eu sabia que eu precisava ir. As 19h a @giselyrezende me avaliou novamente e para nossa surpresa, eu estava com 7 cm de dilatação, apesar de estar com contrações com intervalos bem espaçados. Fomos para o hospital e no carro eu devorei uma tigela de açaí (dica da maravilhosa @nutri_anacarmo que me deu muita energia para seguir - afinal, eu já estava a quase 24 horas nesse ritmo de contrações fortes), lá a Dra. @mariannepsk estava nos aguardando prontamente e me mostrando que ter ela ao meu lado, mesmo que tendo acontecido no final da gestação, foi assertivo demais. No hospital continuamos com contrações fortes, mas nada de os intervalos diminuírem entre elas, foram horas de banho, massagem, muita dor, muitos pedidos de “socorro”, “meu Deus”, “me ajuda”, “eu vou morrer”, mas em nenhum momento eu quis desistir, eu não pedi cesárea, eu não pedi analgesia, eu só queria conseguir acalmar minha mente e deixar vir as contrações. Neste momento todas as frases e meditações trabalhadas na gestação vinham em mente, cada contração seria uma a menos para ter meu filho comigo, meu corpo estava pronto, eu sabia parir, eu sou forte, eu consigo. Não era fácil, era difícil deixar vir as contrações, mas elas estavam ali para me lembrar “não luta contra elas, deixa fluir… vocaliza assim e vocalizam comigo” (que time, meu Deus ❤️). Eram 23:23h de terça feira (28) e a @giselyrezende veio me falar da lua minguante, me contou que a lua tinha virado e me lembrou de confiar nos processos da natureza e no que o universo tinha preparado. Partos em lua minguante são mais longos e eu sabia disso.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 4)~
A @giselyrezende e a @mariannepsk acompanhavam os batimentos cardíacos e posicionamento do Oliver o tempo todo, e apesar de cefálico, ele não estava bem posicionado, o que dificultava a sua descida. A @giselyrezende perguntou se podia me avaliar pelo exame de toque, eu disse que não queria ficar frustrada se não tivesse evoluindo e não quis saber quanto havia dilatado (agora eu acredito que naquele momento eu certamente eu já estava com dilatação total). Até então tínhamos um bebê mal posicionado que precisava de ajuda para facilitar a descida e uma bolsa completamente intacta, o que também não ajudava. Continuamos por algumas horas, observação total dos batimentos cardíacos e do posicionamento do bebê. Já eram 04h da manhã de quarta-feira (29) e a @giselyrezende perguntou se podia me avaliar, eu disse que sim e estávamos com dilatação total de 10 cm, no momento do toque, a bolsa finalmente rompeu. Em completa sintonia e integração, a equipe pensava em conjunto, era muita técnica e competência profissional ali. Elas então me sugeriram iniciar posturas de spinning babies (prática que auxilia no alinhamento uterino e na liberação da pelve para que o bebê possa realizar o mecanismo de flexão e rotação adequado e entrar na bacia materna, facilitando o nascimento). Neste momento, agradeci pelas práticas de yoga e pelo conhecimento que tinha adquirido sobre o meu corpo, porque foi sugerida uma postura “invertida” que eu me emociono só de ver na foto, como eu fui capaz, mesmo com tanta dor, de fazer uma invertida que foi certeira demais, com ela o Oliver se posicionou corretamente e ali iniciava o expulsivo. Neste momento, mais uma vez, eu tive certeza que escolhi a melhor equipe do mundo - muitas mulheres já teriam sido levadas a uma cesárea nessa fase, sem sequer ser oportunizado o uso dessas técnicas que comprovadamente funcionam demais. Se eu queria um parto a jato, Deus me mostrou que eu não estava no controle, eu queria, mas não era o que eu precisava.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 5)~
Deus me deu o benefício de uma fase ativa com contrações espaçadas que me permitiam cochilar de pé ou agachada nos intervalos, não permitindo que a exaustão tomasse conta e me fizesse desistir. Dali foram entre 2 ou 3h de expulsivo, nas contrações vinha a vontade de fazer força e eu gritava até a garganta engasgar. A @giselyrezende me lembrava que a força não era da garganta, me direcionava calmamente com sua sabedoria e técnica, a força é lá embaixo, se concentra lá. Eu respirava fundo e repetia engraçadamente (gritando com a garganta): “não é na garganta Thaisssss, é lá embaixo) hahaha 😂. As vezes funcionava, as vezes eu continuava fazendo força no grito. O mais impressionante disso tudo é que neste momento eu estava sentada na banqueta, encostada em um carinhoso abraço do Marcelo e com 4 mulheres FODAS me empoderando, elogiando cada passo, respeitando minha jornada até ali e me admirando pelo processo que eu estava vivendo. Quando a pediatra chegou, eu percebi que eu estava quase conseguindo - meu Deus, eu não acreditava que eu seria capaz. Elas formaram um cabo de força - e que força essas mulheres têm - que me ajudava a concentrar nos puxos e utilizar a força para facilitar o nascimento do Oliver. Elas viram o cabelo dele, estava tão perto, sem pressa… porque “nascer é tempo sem hora”, a @giselyrezende me fazia apreciar o momento, pedia para eu descrever o que estava sentindo, para colocar a mão e sentir que o Oliver estava vindo… ah isso ajudou tanto! - “Tha, você me conta quando sentir o círculo de fogo, conta pra gente como você está sentindo esse momento?”. Eu tentava descrever a sensação, eu sentia ele ali… descendo… até que eu disse “círculo de fogo, caceeeeta, arde, dói, muuuuuito” 😂. Mais um puxo e ufa, respira! A cabeça saiu e o Marcelo dizia emocionado “não acredito, não acredito”. Força que faltava tão pouco… mais um puxo e a @mariannepsk recebeu o Oliver e o colocou imediatamente em meu colo. Que momento mágico! 34 horas depois e eu tinha conseguido parir! Que honra viver essa experiência, que loucura que é viver isso! Dói, mas é bom! Parece que vai morrer, mas depois passa.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte 6)~
Passa e você vive, renasce, se transforma em uma potência que estava ali enrustida. Nós mulheres somos perfeitas, fortes, corajosas, potentes e capazes! E às 7:15h do dia 29/12/2021 o nosso pequeno Oliver chegou perfeito com seus 2.945 kg e 46 cm de força e paciência por ter insistido por tantas horas e ter entrado nessa dança junto comigo para trazê-lo ao mundo. Que sensação indescritível foi viver tudo isso e ver todos os reflexos dessa gentileza, humanização e respeito na chegada do meu filho e na forma que ele passa a ver o mundo a partir de então.
Ahh como eu sou grata por tanto!
@marcelogsilvaoficial, eu te amo muito meu amor, sou tão grata por ter você nessa jornada e por ter alguém tão companheiro que abraçou todas as minhas ideias e desejos desde o início, foi exemplo de paciência, calmaria e resiliência durante todo o processo. Eu amo nossa família e amo nosso estilo de vida, amo dividir a vida com você!
@giselyrezende, você é a parteira mais maravilhosa do mundo, você domina o assunto de uma forma brilhante e eu confiaria em você de olhos fechados em qualquer decisão, você é uma bruxinha muito sábia e tenho certeza que não foi por acaso que o universo te colocou na minha vida, eu queria parir mais mil vezes só para te ter ao meu lado novamente! Gratidão por você ser quem você é! ❤️
@rafamonteirodoula já te falei mil vezes o quanto admiro a mulher que você é, sua força e dedicação ao seu trabalho e o tanto de paz que você transmite na sua voz, no seu olhar… eu queria te perguntar igual minha sogra perguntou: “mas doula é só pra quem tá grávida?” 😂 porque eu queria você pra vida, grávida ou não 😍
@mariannepsk, sou eternamente grata por tudo que você fez nos últimos dias, por ter me recebido com tanto carinho, por me ajudar a refazer aquele ultrassom que dizia que eu teria que mudar todos os meus planos de local e via de parto em plena véspera de natal, por me acolher com tanto amor e por tanta competência para ajudar a conduzir este momento comigo.
~Oliver nasceu e eu renasci (parte final)~
@prosaefotografia sou grata pelo seu carinho, por estar ali comigo e por me emponderar tanto no momento do expulsivo. Você é um exemplo de força e dedicação. Gratidão por registrar o momento mais único da minha vida com tanta maestria. Te admiro demais!
Gratidão a nossa menina Clara, que segurou minha mão por muitas horas enquanto estávamos em casa e me lembrou “respira fundo, calma, mamãe”, ao meu pai que foi incrível e sem entender nada respeitou o processo, me ajudou com a Clara dando toda atenção e carinho do mundo e a minha mãe que me permitiu viver isso, respeitou minhas decisões apesar de insegura e foi incrível com a Clara fazendo a sentir todo o amor e acolhimento do mundo nesses dias que passamos no hospital. Eu honro demais vocês, meus pais, admiro quem são e o tanto que permitem que nossa família seja unida e amorosa, mesmo não estando mais juntos. Vocês são maravilhosos!
Gratidão a potência feminina, ao meu corpo e mente que trabalharam juntos e tornaram esse momento possível!
Uhuuuuuul, eu consegui um #vbacsuccess ✨



































