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Relato de Parto - Natália Biagioni

Veja mais: Relato de Parto
25/04/2022

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Relato de Parto - Natália Biagioni

Não sei ser breve, falar direto ao ponto, chegar rápido aos “finalmentes”...
Gosto de contos, daqueles bem contados... que falam de detalhes e nos permitem imaginar...
Começo meu relato de parto citando algumas premissas que para mim eram absolutas:
• Minha mãe teve cesárea, também terei cesárea;
• Tenho só 1,48 m de altura, portanto sou pequena para ter um parto normal;
• Com tanta tecnologia é bobagem sofrer e sentir dor à toa.

Aí entrou em ação duas amigas super especiais que aos poucos foram me mostrando que existia um “mundo paralelo” onde o atendimento ao parto é feito baseado em evidencias cientificas... (palavra chave para chamar minha atenção)... 
A Aline, que teve seu bebê em um parto natural (oi?), acompanhada por uma doula, (quem?), de forma super respeitosa e como o próprio nome diz natural, e a Arlene, amiga super entendida de partos, trabalhos de partos, mitos envolvendo cesáreas desnecessárias e todo o resto... 
Embarquei de cabeça nas pequisas, listas de discussões, e comecei a frequentar a Roda Bebe Dubem, onde conheci diversas mulheres maravilhosas, guerreiras, com histórias inspiradoras... 
Pouco tempo depois, e eu já estava entregue à este mundo novo, defendendo as maravilhas do parto natural, passando adiante toda informação adquirida, me revoltando com as histórias contadas por mulheres enganadas com as mais estapafúrdias desculpas para serem submetidas à uma cirurgia de médio porte sem a menor necessidade...
Meu marido a princípio, achava tudo isso uma loucura... e eu sempre lia relatos mencionando que os maridos eram contra o parto humanizado e citando as inúmeras brigas... Então resolvi fazer diferente... Lia relatos para ele, chamava-o para assistir aos vídeos, lia artigos, lia o facebook do Ric Jones e o blog da Dra. Melania... Não briguei, não me desesperei... soube esperar o tempo dele, afinal nem tentantes éramos... tinha tempo para ele se apaixonar e se envolver neste universo novo!
E foi o que aconteceu... ele tornou-se um garoto propaganda do parto humanizado... Vez ou outra ouvia ele dizer para amigos: “Parto natural é o melhor para sua esposa e seu filho! Pensa na sua mulher toda costurada tendo que cuidar de um bebê e vocês se adaptando à uma nova realidade? Pra gente é fácil mas e para elas?” (Morri mais ainda de amor!)
O tempo foi passando e resolvemos de fato tentar engravidar... Decidimos que nosso parto seria domiciliar e por isso tínhamos que apressar a mudança para a casa nova, pois morávamos no fundo da casa do meu tio... 4 meses de tentativas e eis que surge o positivo! O Tão sonhado!!! Todo mundo ficou muito feliz!!! Ouso dizer que meu bebê era muito esperado por muita gente!!!
Princípio da gravidez tudo transcorria normalmente... 12 semanas! Ufa passou a fase perigosa... Nada! Estava só começando! 13 semanas tive um pequeno sangramento... fizemos ultrassom e tudo ok com o bebê! Passada 1 semana, acordei na madrugada do sábado para ir ao banheiro e lá estava um pouquinho de sangue novamente... como na semana anterior não era nada demais, voltei a deitar, mas foi impossível dormir, senti algo escorrendo em grande quantidade. Levantei da cama, acendi a luz e lá estava muito sangue, escorrendo, chamei o Anderson e entrei em desespero, pois para mim eu estava perdendo meu tão esperado bebezinho... Fui para o banheiro e lá saiu um coágulo que imaginei ser um pedacinho do meu bebê... Pedi ao Anderson a novena de Santa Gianna e rezamos juntos, oramos à Deus que protegesse meu bebezinho... Tomamos um banho e fomos para o hospital onde o plantonista me examinou e disse que o colo estava fechado! Pediu ultrassom e na solicitação estava escrito possível abortamento... Não podia acreditar que meu bebezinho estava indo embora... O médico perguntou quem era meu obstetra e quando dissemos que era a Dra. Juliana Paola ele começou a caçoar perguntando se eu iria querer um parto na água e tals... (Depois ficamos sabendo o motivo da estupidez dele, uma paciente dele o trocou pela Dra. Ju e pariu na água num hospital onde não havia esta possibilidade!) O ultrassonografista chegou ao hospital 4 horas depois de nós e mais uma vez lá estava meu bebezinho todo serelepe!!!
A Dra. Juliana estava viajando para o exterior de férias com os filhos, mas prontamente nos atendeu e indicou um médico da equipe dela para ir me acompanhando... ligamos e ele foi um amor conosco e ao longo da semana fomos nos falando e finalmente depois de mais um sangramento na sexta feira ele descobriu um pólipo no colo do útero, de onde provinha o sangramento... todo este stress fez o Anderson ficar inseguro com o parto domiciliar... 
Conversei com a Karina da Commadre (ela seria nossa parteira) e ela foi muito bacana e me fez ver que eu poderia ter um parto bacana mesmo sendo hospitalar... Aqui cabe um parênteses: (Ela poderia me levar a optar pelo domiciliar a todo custo e vender o peixe dela, mas ao contrário, me fez refletir para decidir pelo melhor ou mais cabível no momento). Depois da conversa com a parteira, fiquei mais tranquila, porém frustrada, pois um PD era tudo que eu queria... Mas apesar do parto ser da mulher, não é uma decisão para bancar sozinha, sem o apoio do marido, ao meu ver...
A esta altura, todo mundo dizia que logo chegaria a Laurinha, sim! Todos (exceto a Ale, uma amiga de POA e meu sogro) achavam que teríamos uma menina e eu sempre repetia que não sabia o que era, aí vinha aquela história de que mãe sente... então eu era uma mãe de quinta categoria, pois não sentia nada... 
18 semanas... primeiro ultrassom pós sangramento e a ansiedade de ver se tudo estava ok e se realmente viria nossa menininha... 
Surpresa!!! Quem estava chegando era meu menino serelepe!!! Felipe!!! Nome escolhido 4 dias antes do ultrassom.... Meu Deus, que misto de sensações!!! Feliz, estava tudo ok! Surpresa, não era uma menina! Preocupada, será que ele se sentia rejeitado? Ai meu Deus!!! Pedi perdão para meu bebê... precisava de cura, e precisava que ele fosse curado, pois realmente sempre pensamos em ter uma menina!!!
Fui para Ubatuba,  participar de um workshop “Os 7 segredos do Parto” com a Dominique Sakoilsky, (só foi possível porque a Anna Gallafrio foi muito 10 comigo)... Conheci mulheres incríveis e passamos um final de semana maravilhoso de muita troca, partilha, choro, cura de medos... e foi aí que mandei embora o medo de rejeitar meu pequeno, medo de que ele nascesse sem se sentir amado, medo de não parir... tive uma conversa em especial com a Luciana, uma mulher linda, inspiradora, que não pode concluir o workshop pois entrou em trabalho de parto lá, com 35 semanas... 
Surgiu também a oportunidade de fazer um coaching de planejamento de parto com a linda da Elba... fechou! Era o que faltava... percebi aspectos do parto que eu nem considerava e graças à este coaching, com 26 semanas de gestação eu já tinha um plano de parto hospitalar muito bem definido!!!!
As coisas estavam se encaminhando. Com quase 33 semanas, fizemos um ensaio de gestante maravilhoso com a Cris do amor em foco e ali eu disse pra ela que achava que o Felipe nasceria antes! Passamos uma tarde deliciosa... Felipe mexeu muito... (Hoje entendo que ele quis que eu o sentisse bastante, pois logo ele viria!)
No dia que completamos 34 semanas, uma terça feira,  tive consulta de pre natal e pedi para Dra. Juliana fazer um exame de toque, pois estava com a sensação que ele logo nasceria! Ela achou desnecessário, mas eu insisti e ela fez... segundo ela tudo tranquilo! Bebê alto, colo ainda grossinho, aparentemente nada de sinais de que teria um parto prematuro... 
Na quinta feira da mesma semana fiz um ultrassom, a Dra. Carol identificou umas pequenas anomalias (lóbulo acessório de placenta meio grandinho e um septo no útero), mas nada que interferisse no bebê... Falei para ela que tinha a sensação que ele nasceria logo e ela me disse que não havia nada que pudesse nos mostrar que esta sensação se confirmaria, mas que o bebê já estava com um peso bom e não teria tanto problema se nascesse.
Sexta feira, acordei, fui trabalhar e quis repassar com a Tati, tudo o que seria função dela fazer quando eu me afastasse. Estava tudo redondinho, eu teria que caçar serviço na segunda feira ou apenas me sentar e observar tudo sendo feito, pois a Tati já estava 100%... (escolha acertadíssima).
Eu havia encomendado um kit com malas de maternidade de São Paulo e na semana anterior perturbei a menina para me entregar antes e ela me disse pra ficar tranquila, pois chegaria no começo de julho e o bebê era só pra agosto então eu teria mais de 1 mês pra arrumar (haha)
Na sexta feira ainda, minha tia me ligou para dizer que já tinha lavado as roupinhas do Felipe, pois eu estava sem máquina de lavar, varal entre outros, pois não tinha nem um mês que estávamos na casa nova. Minha mãe ia lavar, mas minha tia havia falecido na segunda feira e meu tio com minha prima ficaram na casa da minha mãe, portanto ela tinha que ficar à disposição deles neste momento tão difícil! Além das roupinhas prontas, minha tia me disse que haviam entregado as malas de maternidade que encomendei (o endereço de entrega era lá, pois morávamos em uma casa nos fundos da casa dela), pedi que ela colocasse no sol para tirar o cheiro forte.
Neste dia sai do trabalho mais tarde, e ainda fomos buscar minhas sobrinhas pra dormir em casa. Passei na minha tia peguei as coisas, chegamos em casa, comemos pizza, e eu subi pra tomar um banho... Pedi ao Anderson subir as coisas para eu lavar o banheiro e em seguida eu queria passar as roupinhas do Felipe... O Anderson brigou comigo e me mandou descansar... 
Fui dormir super emburrada... Acordei de madrugada pra ir ao banheiro e senti uma dor pra sair da cama, uma pressão esquisita, mas voltei a dormir. 5:50 da manhã fui novamente ao banheiro e em seguida tomar água. Espirrei, saiu liquido, ah não! Fiz xixi na calça! Corri para o banheiro o Anderson se levantou e antes que eu pudesse me sentar no vaso fez aquele ploft e foi água pelo chão... Misericórdia! Não pode ser a bolsa... Não temos nem 35 semanas! Jesus! E agora? Anderson ligou pra Dra Juliana e ela pediu que fossemos até o Policlin pra ver se era realmente a bolsa e de lá ligássemos pra ela. O Anderson achou melhor ligar pra minha mãe ir com a gente. Tomei um banho, esperamos meu cunhado chegar pra ficar com minhas sobrinhas que estavam dormindo e fomos pro hospital. Chegando lá, passei com uma plantonista muito estúpida, que fez um exame de toque que me doeu a alma e fez com que o Anderson se levantasse da cadeira, eu tinha vontade de mandar a maldita pra pqp, mas super me contive e fiz papel de mocinha educada. Liguei pra Dra. Juliana! A vaca da plantonista também ligou e informou a dra. que não havia vaga na uti neo natal para me internar. A Ju pediu que fosse feito um cardiotoco e caso estivesse tudo bem com o bebê era pra me mandar pra casa que ela falaria comigo e encontraríamos um hospital com vaga na neo. Fiz o cardiotoco, e ali na sala com o Anderson eu imaginei que não teria meu parto natural, pois o bebê era muito prematuro. A médica me chamou novamente e disse que o exame estava excelente, então perguntei se eu poderia ir pra casa. A linda e fofa foi super autoritária, me perguntou se eu estava louca, disse que se tivesse vaga na neo natal ela me internaria imediatamente... Sai do consultório dela, sentei nas cadeirinhas duras do corredor e tentei falar com a Dra. Juliana... sem sucesso, o celular só chamava. Decidi que ia embora. Meu marido e minha mãe começaram a falar que eu não podia e tals, me estressei com os dois, pois eles estavam sequinhos e quentinhos e eu toda molhada e passando frio... quem me conhece sabe que quando quero algo eu realmente vou atrás... fui falar com a talzinha da médica. Comecei mega educada dizendo que a orientação da minha médica era que eu fosse pra casa e esperasse ela encontrar um hospital com vaga na uti para que eu me internasse, a medica toda dona da razão alterou o tom nada meigo de voz comigo me mandando sentar e me dizendo que eu sairia dali de ambulância para onde a Dra. Juliana falasse... neste momento, deixei de lado a mocinha educada, e disse pra ela que eu estava indo embora e que eu queria ver quem me impediria... (delicada como um coice de mula mode on)... a querida veio falando atrás de mim e minha mãe que é um tanto quanto barraqueira (quando tem razão) rs tomou as dores e falou pra bonitinha mandar a polícia atrás da gente porque não ficaríamos mais nem um minuto ali... O Anderson apenas observou a cena e foi logo pegando a chave do carro... a Dra Ju me ligou e eu contei a situação, ela me pediu pra ir descansar pois ela estava esperando retorno dos hospitais, e de nada adiantaria já me internar... “Natália, vai pra casa, descansa, arruma suas coisas com calma, assiste o jogo do Brasil, quanto mais o bebê ficar aí dentro melhor é”. What? Ela não vai me internar com urgência, cortar minha barriga e tirar logo o bebê pra ele não morrer sem líquido? Oh God! Realmente ela é das boas... 
Assim fizemos, fomos pra casa, tomei café, tomei banho, o Anderson passou as roupinhas e arrumou a mala do Felipe, tinha coisas que eu precisava comprar, mas minha mãe disse que ela compraria e levaria pra mim no hospital. Fomos assistir ao jogo com a família na casa da minha tia... todo mundo me chamando de “a louca que sai do hospital com a bolsa estourada” e diziam que minha médica tinha que tirar logo o bebe, pois o liquido ia secar e ele não aguentaria. Mandei todo mundo calar a boca e cuidar de suas vidas, comemos, assistimos o primeiro tempo do jogo e voltamos pra casa pra ficar sem os olhares acusadores que diziam “Irresponsável”... Falei com a Luciana Ribeiro pelo facebook, reli o relato dela... Afinal as condições eram parecidas eu estava com 34 semanas e 4 dias... Como eu havia escrito na Roda contando da bolsa rompida, várias pessoas comentaram o post me dando palavras de incentivo que fizeram total diferença, mas uma em especial me marcou muito, a Anna Gallafrio me disse que era a hora de dizer “Sim” um dos segredos aprendidos no whorkshop da Dominique... Dali em diante desencanei, pois estava com medo do Felipe nascer tão novinho e me fechava pra tudo... Deitamos só eu o Anderson e o Felipe... Sentimos mais um pouco nosso filho dentro da barriga, tomamos banho, chamamos o pessoal do grupo de oração pra fazer conosco a “Celebração do Parto” (rito do ministério infantil para acolher o novo ser na comunidade cristã) e ao término fomos para o hospital, que era minha última escolha por se tratar de um hospital com taxa de 98%  de cesáreas... Enfim, tudo saindo dos meus planos... Falei com a Ju e demos entrada no hospital, a plantonista me examinou (tinha o mesmo nome da médica que me atendeu de manhã, mas eu não me lembrava o sobrenome, então já entrei com receio, mas ufa era outra muitíssimo diferente em todos os aspectos. Me examinou, fez minha internação, ligou pra Ju e disse como eu estava, eu falei com ela, disse que achava desnecessário ela vir me ver pois não estava sentindo nada... ela me explicou que eu teria que tomar uma injeção de celestone (para amadurecer o pulmãozinho do bebê) e disse que viria me ver no domingo de manhã! Isso era umas 20h e eu estava com 2 cm sem sentir nada!
Minha mãe chegou no hospital com as coisas que pedi que ela comprasse e trazendo 2 lanches do MC donalds... sim! Comemos mc donalds escondido no hospital... Passamos a noite tranquilos exceto pela enfermagem entrando pra “ver” como eu estava. Tomei um antibiótico por conta da bolsa rota e passei o domingo mega tranquila recebendo visitas, inclusive a visita da minha doula que já veio pra ficar e eu pedi que ela fosse embora passar o domingo com a família, pois eu estava muito bem, sem sentir nada, com apenas 4 cm de dilatação e querendo ficar mais com o Anderson.
As 20h do domingo o Anderson quis ter uma conversa séria comigo. Perguntou se eu achava que ia nascer, pois a troca de acompanhante seria as 9 da manhã e caso ele ficasse e não nascesse ele teria que sair as 4:30 para trabalhar e me deixar sozinha. Liguei pra Ju pra perguntar se eu poderia ir embora. Ela me disse que eu teria que tomar a outra dose do remédio e que se na manhã seguinte eu continuasse estável ela me liberaria. A esta altura a madrinha do Felipe se ofereceu pra ficar comigo e aceitamos, mas eu não queria que o Anderson fosse embora, mas por outro lado coitado, dormir no sofá e ir trabalhar ele ficaria moído. Ele foi, me ligou 2 vezes antes de dormir e eu fiquei conversando com a Lu até quase 23h... disse pra dormirmos e ela disse que tinha receio de que eu precisasse dela e ela não acordasse... Eu falei que estava de boa e que não seria preciso de nada. Dormimos. Acordei 0:30 com uma dor chata, fui ao banheiro, aliviou. Deitei na cama, voltou a doer, fiquei atenta para ver se tinha um padrão ou ritmo, seria aquela dor uma contração? Baixei um aplicativo de contador de contrações... 1 a cada 10 minutos com duração de 30 segundos... aff dor chata, queria deitar, mas era insuportável! Vinha uma dor, sentava no vaso, a dor passava, eu fazia xixi e voltava a sentar na poltrona. A Lu queria me ajudar, mas não tinha o que fazer, eu não podia chamar a doula, pois só podia 1 acompanhante e só poderia trocar as 9 da manhã... Deu 2 da manhã odeio chá, mas tomei uma garrafa inteira, era quente, poderia aliviar a dor que eu sentia. Doce ilusão! As contrações eram de 6 em 6 minutos e duravam quase 50 segundos... A Lu queria ajudar então pedi que quando viesse a dor ela esfregasse minhas costas o mais forte que conseguisse... apareceu um anjo em forma de enfermeira e me sugeriu o chuveiro, como não lembrei dele? Li tantos relatos, o ciclo mudou, dor, massagem, xixi, bola no chuveiro.
3 horas, ligo pra Ju, dor insuportável, plantonista vem me ver, pergunta se pode fazer um toque. Oi?  Claro, tudo que eu mais queria era ouvir que estava quase lá... 5 cm! O Que? Ju me liga e diz que não adianta muito ela ir, pois teríamos que deixar rolar...oh God! Toda aquela dor e só havia dilatado 1 cm! Pqp!! Vou rezar um terço... Ave Maria, cheia de graça, contração, pqp minha nossa Senhora como a senhora passou por isso sem chuveiro quentinho, bola de pilates... socorro!!! 
Rezava, ficava com raiva, com dor, ria, tudo ao mesmo tempo... já não marcava mais contração, ia pro chuveiro, mas logo saia, a Lu foi muito amiga, muito irmã, ela me secava, me ajudava a me vestir, penteava meu cabelo... e eu só sentia dor e pra mim era muita dor... o Anderson me ligou quando chegou na fábrica portanto era umas 5:30 pedi pra ele vir logo pois doía muito... ele chegou muito rápido e sorria como nunca... a única coisa que eu conseguia pensar era que ele sorria porque não era com ele... Ele colocou a minha playlist incompleta do parto... lembro que pedi pra ele desligar (segundo a Lu fui mega grossa com ele e ele lá todo mister love). O plantonista, um médico já com uma certa idade, veio me ver antes de ir embora e falar que a Ju avisou que logo viria... Eu pedi pra ele ver como estava a dilatação.  Sim!!! Eu quis outro exame de toque!!! 7 cm... aff que demora!!!

A Ju chegou, fiquei muito feliz, ela sim resolveria meu problema... pedi uma analgesia ela olhou bem pra mim e falou: “ O que? De jeito nenhum! Falta tão pouco! O médico x (não lembro o nome do senhorzinho lindo que me examinou) me falou que você já estava com 7 cm... se eu te der anestesia tem 2 coisas, primeiro que você não vai sentir o bebê passar, pois é raro o anestesista que sabe fazer uma boa analgesia pra parto e segundo que você vai brigar comigo na consulta de pós parto, pois você quer tanto um parto natural e estamos quase lá... coragem Natália, bola, chuveiro, tenho certeza que ele nasce antes do almoço! Sabe qual o problema, você não está respirando quando vem a contração e isso está fazendo doer mais... nem você e nem o Anderson respiram... Anderson respira com ela e não prende a respiração com ela! 
Ju você não está entendendo, não aguento mais a dor... Aí o Anderson lindo vira e me fala, então está acabando nos relatos todos diz que quando não aguenta mais é porque está acabando não é doutora?
Neste momento a Ju me falou o seguinte: São 8 horas, vou na clinica ver 2 pacientes e volto... Se antes disso você tiver vontade de fazer força me liga que eu volto! 
Como assim? Você vai embora sem me examinar? Pelo amor de Deus me diz que já dilatou mais e que esta dor não está sendo a toa...
Ela me olha com cara de “não precisa examinar, Faz 1 hora que o médico examinou” e eu imploro por favor!!! 
Ela faz o toque e diz que estou com 8cm mas que a cabecinha do Felipe está meio de ladinho, explica pra gente que talvez fique puxadinha, mas que é normal! Nada de pânico! Me manda de volta para o chuveiro, sorri seu largo sorriso me pedindo pra lembrar de respirar e sai.
Abracei o Anderson, sentei na bola embaixo do chuveiro me debrucei no apoio de metal da parede e chorei que nem criança, mas chorei de soluçar e o Anderson ali me dizendo que daria tudo certo, que o Felipe veio na hora dele, que mesmo prematuro seria saudável, pois foi o momento que ele escolheu nascer... As palavras dele me deram um novo ânimo! Ao mesmo tempo veio muita vontade de fazer força. Pedi pra ele ligar pra Dra. Ju... relutou dizendo que ela tinha saído fazia menos de 1 hora... gritei pra ele ligar senão ia nascer ali... cruzei minhas pernas porque realmente parecia que ia sair... Ela nem tinha ido pro consultório, tinha ficado conversando no hospital...
Ela entrou no quarto com aquele sorrisão e perguntou: Já? Ou você só queria me ver? Me examinou, e constatou que estava com dilatação total, veio uma contração e fiz força, era involuntário, ela me olhou e disse que ele já ia nascer, chamou a enfermagem pra me levar para o centro obstétrico e disse que iria atrás do pediatra para tentarmos menos intervenções possíveis no Felipe, mas me lembrou de que era prematuro e poderia requerer alguns cuidados.  
Chegando no centro obstétrico as enfermeiras me pediram pra colocar a perna na perneira em posição ginecológica. Olhei pra Ju e ela disse: Calma, vou arrumar um jeito de você ficar mais vertical... Pediu para as enfermeiras pegarem travesseiros para que eu apoiasse as costas e me falou para usar as perneiras para puxar na hora de fazer força, quando uma enfermeira disse que ficaria desconfortável pra Ju “fazer o parto” ela respondeu que quem ia parir seria eu, portanto teria que ser confortável pra mim. Morri de amores mais ainda pela minha médica.
Senti uma vontade absurda de fazer força, fiz, a Ju me disse que viu o cabelinho do Felipe e então me dei conta de que o Anderson não estava lá... a Ju mandou busca-lo, ele chegou, outra força, nada, ele secou minha testa, me deu um beijo, sorriu pra mim, disse que eu conseguiria, apoiou minhas costas, senti a contração, o pediatra perguntou se podia ajudar (desde quando Kristeller é ajuda) eu e a Ju gritamos juntas que não, Outra contração, muita força e ele nasceu cordão enrolado no pescoço e no braço, minutos de tensão, desde que a bolsa estourou eu imaginava o parto, aquelas luzes, anestesia, bisturi, meu bebe sendo arrancado de mim... quando a Ju me disse que adotaríamos a conduta expectante, passei a visualizar o bebe saindo de parto normal o cordão sendo cortado desesperadamente e o pediatra em ritmo frenético levando-o para a UTI... graças a Deus foi tudo muito diferente, ele nasceu, a Ju desenrolou o cordão, o pediatra olhou pra ele e disse pra Ju colocar ele comigo. Neste momento eu deitei na mesa (os travesseiros já tinham ido pelas cucuias) esgotada e a JU colocou ele em cima de mim. Fiquei sem reação, não dava para acreditar, meu filho estava ali, comigo, chorando, alto, forte, a Ju me disse pra segurar que era meu, segurei, abracei, beijei, cheirei e quando olhei naqueles olhinhos vivos ele me olhou de volta e não chorou mais e eu dizia pra ele que tínhamos conseguido e chorava e ria e olhava pra ele, pro Anderson todo emocionado, pra Ju e o pediatra sorrindo, as enfermeiras olhando com cara de bobinhas também e vivemos nosso momento, nosso encontro tão esperado...
O Pediatra explicou que por ele ser prematuro por precaução o deixaria no berço aquecido por cerca de 2 horas pois bebês prematuros tendem a perder a temperatura mais rápido... ficamos ali mais um tempo juntos, o Anderson não quis cortar o cordão, disse que a mão dele tremia demais, a Ju ainda insistiu, eu disse pra ela que o fato dele estar ali presente já era um grande feito, pois ele não olhava nem pra agulha em seu próprio exame de sangue... O pediatra então me pediu licença pra examinar meu filho ali do lado e pediu que o Anderson fosse junto. Pesou, mediu e escutou seu coração e pulmãozinhos, nada além disso, seguiu o que pedimos... ele entregou o Felipe para o Anderson e falou pra ele trazer pra mim mais um pouco afinal ficaríamos separados por um tempinho... Meu príncipe nasceu com 45,5 cm, 2,375 kg de pura gostosura... lindo perfeito, melhor do que imaginamos. Parto natural sem intervenções em um hospital com taxa de cesáreas de 98%! Foi o dia mais feliz da minha vida! Agradeço à Deus por ter me dado este presente maravilhoso que é meu filho lindo, agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para que isso tudo fosse possível... Cada mulher que pariu antes de mim e compartilhou sua história, cada mulher, doula, parteira, médico que se dispõe a lutar por uma causa tão nobre quanto à humanização do parto, agradeço a minha doula Arlene que me mostrou todo este mundo lindo da humanização, agradeço a minha médica linda Dra. Juliana Paola por acreditar em mim e me negar a anestesia, ao Dr. Dimas por ter aceitado o que escolhemos para o nosso filho, agradeço à Favia e a Debora por este trabalho tão maravilhoso que é a RODA BEBEDUBEM e o curso de gestantes maravilhoso, agradeço à Karina e a toda equipe da Commadre (Ka, o próximo te espero em casa), agradeço à Dominique e a cada mulher que esteve comigo no Workshop “Os 7 segredos do parto, mas em especial à Anna que foi especial e tornou possível que eu estivesse lá, agradeço à Elba que me fez enxergar a possibilidade real de um “partasso” hospitalar e a cada uma das meninas do nosso grupo de coaching (Ju, Camila, Dani e Susan) e agradeço de forma especial toda a minha família, mas principalmente a minha mãe por (como sempre) comprar a minha e brigar por mim. Por último agradeço ao Anderson, por ser quem ele é... meu porto seguro, meu pé no chão, meu apoio, meu companheiro, meu amor, aquele que não desiste de mim mesmo quando eu desisto.
 Anderson mesmo cheia de falhas e defeitos e sem saber expressar direito, te amo com toda minha alma e agradeço infinitamente por ter você em minha vida... 
YES!!! WE CAN!!!

Natália Biagioni

@doularte.natbiagioni

 

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